Iron Maiden SBSR'08
Ao fim de mais de 30 anos de carreira, cerca de uma vintena de álbuns, inúmeras viagens e milhentas histórias para contar, eis que os Iron Maiden aterraram no nosso país para (mais) uma actuação memorável. Conseguindo ultrapassar várias dificuldades, e esquecendo muitas falhas na organização do Festival, quando perto da meia noite as luzes do palco situado junto á Ponte Vasco da Gama se apagaram e os cerca de 30 mil espectadores levantaram os braços: os Maiden estavam a chegar ao SBSR. O habitual discurso de Churchil deu inicio às hostilidades e ‘Aces High’ foi a primeira descarga de energia desde logo acompanhado em coro pelo público. A digressão deste ano, a ‘Somewhere Back in Time World Tour’, acompanha a carreira da banda inglesa na década de 80 (com uma ou outra pequena entrada já nos anos 90), e no palco estava montado um cenário com elementos egípcios que iam desde Sarcófagos, murais com hieróglifos e estátuas do tempo da Cleópatra recriando assim uma das suas mais famosas tournée dos anos 80: A ‘World Slavery Tour’.
É indesmentível que o avançar da idade é evidente, mas para os seis elementos (que trio de guitarras senhores!!!) isso não serve de desculpa para abrandar o ritmo, e sem perder um segundo adiantaram os relógios em perto de duas horas: ‘Two Minutes to Midnight’ fez toda a gente levantar dois dedos no ar de cada vez que o Cicerone desta viagem, o Sr Bruce Dickinson (com letra grande!!) entoava o refrão. Pelo meio, a malta respondia a cada ‘Scream for me Lisboa’ ou ‘Scream for me Portugal’, entregando-se na totalidade a um concerto que estava apenas no seu inicio. Uma das coisas que impressiona num concerto de Iron Maiden, é que não há um momento em que o público aparente dispersar daquilo que se passa no palco, e a cada pedido ou incentivo, erguem-se logo os braços e canta-se a plenos pulmões como se fosse a última coisa a fazer; o difícil num concerto de Iron Maiden é ficar minimamente indiferente ao que se vai passando no palco, até porque Steve Harris, Bruce Dickinson e seus pares fazem questão de não deixar que isso tenha sequer a possibilidade de acontecer.
‘Revelations’ fez recuar no tempo e entrar no álbum ‘Piece of Mind’ (um dos meus preferidos), para de seguida, Bruce regressar ao palco exibindo o casaco e as habituais bandeiras inglesas ao som do clássico (mais um!!!) ‘The Trooper’. Iam decorridos cerca de 20 minutos do concerto, e só isso já era de grande valor….mas não chegava, e a banda sabe perfeitamente que os acérrimos fãns portugueses querem mais e mais, sejam eles de que idades forem. E como disse Bruce Dickinson, quando os Maiden andavam a escrever a maior parte destas músicas, muitos dos presentes na plateia não eram ainda nascidos, o que só prova a altissíma qualidade e longevidade desta banda…’Wasted Years’ prosseguiu a festa, até à entrada do mítico ‘Number of The Beast’ e de mais uma aparição da pirotecnia em palco: o 666 continua a ser o número ‘mágico’ dos Maiden e toda a gente gritou por ele. ‘Can i Play With Madness’ não deu sequer hipótese de esmorecer, e fez a passagem para o épico ‘Rime Of The Ancient Mariner’ que apesar dos seus mais de 10 minutos de duração, não perdeu um gramazinho de força da actuação; este foi aliás um dos ‘momentos’ do concerto com um cenário de um navio fantasmagórico, muito fumo e um homem (Bruce) a sair do meio do improvisado nevoeiro: afinal de contas, da História de Portugal também fazem parte muito navegadores, nevoeiro e alguém que surge do meio dele feito salvador…
O concerto aproximava-se da hora e meia, mas havia ainda espaço para mais uns temas, e mais uns clássicos. No palco estava agora uma guitarra acústica à frente de Dave Murray; adivinhava-se que ‘Moonchild’ estava para vir, e o álbum ‘Seventh Son of The Seventh Son’ revisitado (este tema terá sido talvez a minha maior surpresa do alinhamento!!), sempre sem perder ponta de energia e ligação com público. ‘The Clairvoyant’ dava continuidade ao encore, e o grande, enorme, gigante e fantástico ‘Hallowed be Thy Name’, encerrava uma actuação poderosa, e inesquecível.
Bruce Dickinson, Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Janic Gers, Nicko Mcbrain têm já uma idade respeitável, e muitos anos de estúdio e de estrada…mas isso nunca serviu nem nunca servirá de desculpa a nenhum deles, e a cada dia que passa parecem ter mais garra, e mais vontade de fazer sempre mais e melhor. E se é sabido que as bandas de Rock gostam muito do público português, ainda mais gostam os Iron Maiden do nosso país, até porque é sabido das frequentes férias que passam no sul de Portugal (há muito anos). Também por isso, o público português tem uma ligação ‘especialmente especial’ com a banda britânica, recebendo-os sempre de braços abertos e caminhando lado a lado com eles. Ontem foi mais um exemplo da perfeita comunhão entre banda e público num concerto…a aposta do SBSR estava ganha desde o início, mas como se tivessem algo a provar os Maiden fizeram (como sempre) questão de dar tudo o que tinham e deixar tudo no palco; o público fez o mesmo…e Bruce despediu-se com um ‘Temos um novo álbum a chegar...vemo-nos para o ano’: a mim vêem de certeza por lá; dê por onde der, eu irei.
Nota: 9,5/10. (a nota só não é a máxima devido às péssimas condição do espaço e à organização primária do festival).
PS. Aqui fica um exemplo do que foi o concerto do SBSR. Ou aqui...ou aqui; só para quem quiser recordar...ou para quem se quiser arrepender. hehe




4 Comments:
Concertão
Quanto mais velhos, melhores! Quero ver as cenas dos próximos capítulos, já no próximo ano!
Up The Irons
Fantástica Review para um concerto não menos fantástico...
Só estes senhores fizeram valer o preço do bilhete e deliciaram todos os que lá estiveram presentes com um espectáculo musical e visual único... sem dúvida um momento que fica marcado pra posteridade.
P.S.-Uma palavra de apreço também para os Slayer, que, na parte que lhes competia, cumpriram na integra, devastando por completo quem assistiu ao concerto.
Um abraço,
Stay metal
yo rita, excelente review de facto os maiden foram, p variar, um espectáculo memorável, tenho pena de slayer ter tocado á luz do dia já q a musica q estes SENHORES fazem tem mais impacto de noite e com luzes vermelhas de preferência...em relação ao espaço do festival, só tenho a lamentar as condições e as falhas evidentes da organização...enfim tb n quero ser daqueles do genero "se não há concertos, é porque não há concertos, se há concertos são mal organizados...ora porra!!" só por salyer e por maiden valeu o bilhete, para o ano há mais e eu estou lá batido de certeza...
Pereira...'Yo'...
agradeço a visita e naturalmente o comment...
mas esse 'Rita' é que não percebi de veio; é que aqui não há Rita nenhuma...
;)
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