quarta-feira, dezembro 05, 2007

Scorpions - Pavilhão Atlântico

Foram quase 10 mil, as pessoas que encheram a versão ‘curta’ do Pavilhão Atlântico em Lisboa, ontem. Dessas 10 mil, quase todas foram na espectativa de ver subir ao palco os Scorpions baladeiros de ‘Still Loving You’, ‘Wind Of Change’, ‘ When The Smoke is Going Down’ entre outras…as restantes (poucas) foram na esperança vaga de ver em concerto os Scorpions de ‘Big City Nights’, ‘The Zoo’, ‘Bad Boys Runnig Wild’ ou ‘Rock You like an Hurricane’. De facto, a banda alemã que anda por cá há mais de 40 anos, é muito mais do que uma banda de baladas melódicas prontas para serem cantadas em uníssono por milhares de pessoas. Do seu cardápio fazem parte grandes malhas, alguns verdadeiros hinos do Hard Rock. Ontem em Lisboa, o quinteto (que agora já não é 100% alemão) fez questão de agradar a gregos e troianos, tocando de tudo um pouco.

Pouco passava das 21:30, estávamos nós a olhar para o relógio (vá….há que dizer que era mais para saber se o Benfica tinha acabado e se tinha ganho ou não – ganhou mesmo o que melhorou a disposição para o concerto), quando as luzes se apagaram e se ouviram os primeiros sons do novo álbum. ‘Humanity Hour’. Ao som do poderoso ‘Hour 1’ os Scorpions deram inicio a um excelente concerto, e sem que se perdesse a ‘pica’ seguiram de imediato para o primeiro ‘clássico’ da noite: ‘Bad Boys Running Wild’. Aliás, o álbum ‘Love at first Sting’ (talvez o melhor da banda) foi sem dúvida o mais revisitado….é que (e pegando nas palavras do 'pequeno grande' Klaus Meine), o concerto servia para promover este último disco e logicamente para tocar muitos, muitos clássicos; e foi isso que eles fizeram.

Depois de uma boa meia hora em grande estilo, ao som dos melhores riffs pesados que Rudolph Schenker e Matthias Jabs conseguiam tirar das suas guitarras, lá tiveram de vir as baladas. É verdade que a maioria das pessoas que lá foram, fizeram-no em grande parte por estas “musiquetas”. Enfim…a malta até gosta (vá lá…suporta) de ouvir um ‘Send me an Angel’ ou um ‘Holiday’ mas as duas seguidas parecia já melodrama a mais…ainda por cima, decidiram ingressar no novo álbum…mas para tocar mais uma pseudo-balada-para-a-qual-ás-vezes-já-não-há-paxorra (‘Humanity’). Uma por si só…tudo bem; três baladecas assim seguidas de fininho, parece demais…mas o povo gosta. Aqui…quando Klaus Meine estendia o micro para o público, ouvia-se o coro…feminino, diz tudo...mas enfim. A verdade é que as 3 baladas cortaram um pouco o alto ritmo que o concerto trazia…e que só voltou bem mais á frente quando vieram os solos: primeiro o baixista (que pelo meio deu uns acordes de ‘Enter Sandman’ dos Metallica), mas sobretudo o baterista…James Kottak deu um verdadeiro show como há muito eu não via. Durante uns bons 10 minutos fez o que quis da bateria, brincou como lhe apeteceu, e o mais incrível é que o público todo gostou já que lhe prestou uma ‘standing ovation’ à moda antiga. Brilhante!!!!!

Dado o show pessoal, voltaram os outros 4 e siga que a máquina do rock estava a arrefecer, e para estes senhores, por muitos anos que passem, não há maneira de apagar aquela mania de tocar grandes rockalhadas, cheias de solos e riffs a partir entremeadas com refrões orelhudos que aqui e ali alguém ia cantando em conjunto. Só assim, ‘Blackout’, ‘Big City Nights’ e 'Dynamite’, iam dando cabo dos ouvidos de quem tinha ido apenas para as baladas. Mas eles ainda não tinham acabado…naturalmente. Apesar de tudo, esta é uma grande música (intemporal) e um concerto de Scorpions sem o mítico ‘Still Loving You’ não é concerto de Scorpions que se preze. Mais uma vez voltaram os poucos isqueiros e os milhares de telemóveis a brilhar no ar, e as gargantas (aqui do público em uníssono) a cantar o refrão de uma música que esteve para cima de meio ano em número 1 da tabela deste pequeno país aqui à beira mar plantado. Muito bem…o que para mim era escusado era ainda terem espetado com ‘Wind of Change’ a seguir…é digamos que evitável. Mas para que o concerto não acabasse assim…'fraquinho’, toca de atirar pró lado a guitarra acústica e sacar os acordes de ‘Rock You Like an Hurricane’. Há que dizer, que toda a gente estava rendida (ou perto disso) e demonstrou-o cantando o refrão com Meine. Mas como se costuma dizer, “não se pode elogiar, que fazem logo uma asneira qualquer”…PUMBA: toma lá mais uma baladazita só para encher a barriga antes de ir para casa: meia dúzia de musiqinhas de levantar isqueiros e luzinhas no ar para uma banda de Hard-Rock parece-me um enorme exagero mas enfim…eles lá sabem.

Foi giro….apesar de tudo, o concerto foi muito bom, e foi engraçado ver que o público maioritariamente se enquadrava numa faixa (diria eu…) entre os 30 e os 40 anos; alguns mais velhos ainda, outros (muito poucos, mais novos). À Saída as pessoas pareciam satisfeitas…no que me toca, gostei bastante: ouvi muito e bom rock, e só me fico por aqui pelas miseráveis condições acústicas do Pavilhão Atlântico para concertos deste estilo. As únicas músicas que se percebem com mais clareza são precisamente as que menos queria ouvir: as tais baladas-de-levantar-isqueiros-e-ouvir-gajas-a-cantar. As grandes rockalhadas surgem com guitarras, bateria e baixo tudo ao monte, e a voz lá muito ao fundo de quando em vez se consegue distinguir. É pena, porque uma banda com todos estes hinos do Rock, merecia mais…e muito melhores condições. Fica guardado na mesma.

Nota: 7/10

3 Comments:

At 10:35 da manhã, Blogger Rui Franco said...

Será que o problema é mesmo do Pavilhão ou da mania que os técnicos têm de por o volume demasiadamente alto?

Eu sei que já ouvi música clássica no Atlântico e a coisa parecia um disco!
Certo, há uma diferença entre Clássica e Rock mas a primeira também é tocada mais baixo...

Como conselho: uns tampões de natação fazem maravilhas!

http://aospapeis.blogspot.com

 
At 1:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Foi pena os Scorpions não terem tocado nada da fase do Uli John Roth. Estão aí algumas pérolas do Hard Rock...
Mas no computo geral gostei...

 
At 1:46 da manhã, Blogger Martunis said...

catinga:

Por um lado és capaz de ter alguma razão porque a verdade é que já consegui ver/ouvir um concerto no Atlântico com som em boas condições (Iron Maiden 2003), mas foi caso isolado...

- Pearl Jam 2006;
- Iron Maiden 2005;
- Dave Mattews 2007;
- etc etc etc

Todos com condições acústicas miseráveis para não dizer pior...

tirando o concerto da APCL com José Cura, Luz Casal entre outros, quase todo dentro da ópera e música clássica só vi concertos maus. Não acredito que todos os inúmeros técnicos de som que já lá tenham trabalhado sejam maus profissionais...prefiro pensar que o pavilhão é mesmo assim...MAU!!! Paciência...

Brg pela visita

Volta mais vezes

 

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