quinta-feira, julho 10, 2008

Iron Maiden SBSR'08

Ao fim de mais de 30 anos de carreira, cerca de uma vintena de álbuns, inúmeras viagens e milhentas histórias para contar, eis que os Iron Maiden aterraram no nosso país para (mais) uma actuação memorável. Conseguindo ultrapassar várias dificuldades, e esquecendo muitas falhas na organização do Festival, quando perto da meia noite as luzes do palco situado junto á Ponte Vasco da Gama se apagaram e os cerca de 30 mil espectadores levantaram os braços: os Maiden estavam a chegar ao SBSR. O habitual discurso de Churchil deu inicio às hostilidades e ‘Aces High’ foi a primeira descarga de energia desde logo acompanhado em coro pelo público. A digressão deste ano, a ‘Somewhere Back in Time World Tour’, acompanha a carreira da banda inglesa na década de 80 (com uma ou outra pequena entrada já nos anos 90), e no palco estava montado um cenário com elementos egípcios que iam desde Sarcófagos, murais com hieróglifos e estátuas do tempo da Cleópatra recriando assim uma das suas mais famosas tournée dos anos 80: A ‘World Slavery Tour’.

É indesmentível que o avançar da idade é evidente, mas para os seis elementos (que trio de guitarras senhores!!!) isso não serve de desculpa para abrandar o ritmo, e sem perder um segundo adiantaram os relógios em perto de duas horas: ‘Two Minutes to Midnight’ fez toda a gente levantar dois dedos no ar de cada vez que o Cicerone desta viagem, o Sr Bruce Dickinson (com letra grande!!) entoava o refrão. Pelo meio, a malta respondia a cada ‘Scream for me Lisboa’ ou ‘Scream for me Portugal’, entregando-se na totalidade a um concerto que estava apenas no seu inicio. Uma das coisas que impressiona num concerto de Iron Maiden, é que não há um momento em que o público aparente dispersar daquilo que se passa no palco, e a cada pedido ou incentivo, erguem-se logo os braços e canta-se a plenos pulmões como se fosse a última coisa a fazer; o difícil num concerto de Iron Maiden é ficar minimamente indiferente ao que se vai passando no palco, até porque Steve Harris, Bruce Dickinson e seus pares fazem questão de não deixar que isso tenha sequer a possibilidade de acontecer.

‘Revelations’ fez recuar no tempo e entrar no álbum ‘Piece of Mind’ (um dos meus preferidos), para de seguida, Bruce regressar ao palco exibindo o casaco e as habituais bandeiras inglesas ao som do clássico (mais um!!!) ‘The Trooper’. Iam decorridos cerca de 20 minutos do concerto, e só isso já era de grande valor….mas não chegava, e a banda sabe perfeitamente que os acérrimos fãns portugueses querem mais e mais, sejam eles de que idades forem. E como disse Bruce Dickinson, quando os Maiden andavam a escrever a maior parte destas músicas, muitos dos presentes na plateia não eram ainda nascidos, o que só prova a altissíma qualidade e longevidade desta banda…’Wasted Years’ prosseguiu a festa, até à entrada do mítico ‘Number of The Beast’ e de mais uma aparição da pirotecnia em palco: o 666 continua a ser o número ‘mágico’ dos Maiden e toda a gente gritou por ele. ‘Can i Play With Madness’ não deu sequer hipótese de esmorecer, e fez a passagem para o épico ‘Rime Of The Ancient Mariner’ que apesar dos seus mais de 10 minutos de duração, não perdeu um gramazinho de força da actuação; este foi aliás um dos ‘momentos’ do concerto com um cenário de um navio fantasmagórico, muito fumo e um homem (Bruce) a sair do meio do improvisado nevoeiro: afinal de contas, da História de Portugal também fazem parte muito navegadores, nevoeiro e alguém que surge do meio dele feito salvador…

Mas Bruce Dickinson não era nenhum salvador, já que não havia nada para salvar; a noite estava e continuava em grande nível, e a entrada de ‘Powerslave’ surpreendeu alguns, mas não decepcionou ninguém. Algures entre o céu e o inferno, ‘Heaven Can Wait’ continuava a pôr toda a gente a cantar, (deve ter sido certamente o momento da vida destes que subiram ao palco!!!) e a ansiar por mais…mais clássicos, mais momentos fortes e mais música. ‘Run to the Hills’, antecipou a finta aos anos 80, e deu entrada (breve) na década de 90 e no ábum ‘Fear of The Dark’. Passados mais de 15 anos, o tema homónimo continua a ser ‘O TEMA’ dos Iron Maiden e mesmo para quem já viu uma mão cheia de concertos deles, impressionou ontem a forma como o povo entoava até os riffs que saíam das 3 guitarras, acompanhando, e nalguns momentos abafando toda a banda tal era força com que a voz saía das gargantas dos 30 mil presentes. Apesar de tudo, ninguém parecia estar cansado e muito rapidamente o tema com o nome da banda chegava ao Parque Tejo…’Iron Maiden is gonna get…all of you’…tal não era preciso dizer: mais depressa todos iam atrás dos Iron Maiden. Os 6 despediam-se do público português, mas por pouco tempo…a malta queria mais ainda.

O concerto aproximava-se da hora e meia, mas havia ainda espaço para mais uns temas, e mais uns clássicos. No palco estava agora uma guitarra acústica à frente de Dave Murray; adivinhava-se que ‘Moonchild’ estava para vir, e o álbum ‘Seventh Son of The Seventh Son’ revisitado (este tema terá sido talvez a minha maior surpresa do alinhamento!!), sempre sem perder ponta de energia e ligação com público. ‘The Clairvoyant’ dava continuidade ao encore, e o grande, enorme, gigante e fantástico ‘Hallowed be Thy Name’, encerrava uma actuação poderosa, e inesquecível.

Bruce Dickinson, Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Janic Gers, Nicko Mcbrain têm já uma idade respeitável, e muitos anos de estúdio e de estrada…mas isso nunca serviu nem nunca servirá de desculpa a nenhum deles, e a cada dia que passa parecem ter mais garra, e mais vontade de fazer sempre mais e melhor. E se é sabido que as bandas de Rock gostam muito do público português, ainda mais gostam os Iron Maiden do nosso país, até porque é sabido das frequentes férias que passam no sul de Portugal (há muito anos). Também por isso, o público português tem uma ligação ‘especialmente especial’ com a banda britânica, recebendo-os sempre de braços abertos e caminhando lado a lado com eles. Ontem foi mais um exemplo da perfeita comunhão entre banda e público num concerto…a aposta do SBSR estava ganha desde o início, mas como se tivessem algo a provar os Maiden fizeram (como sempre) questão de dar tudo o que tinham e deixar tudo no palco; o público fez o mesmo…e Bruce despediu-se com um ‘Temos um novo álbum a chegar...vemo-nos para o ano’: a mim vêem de certeza por lá; dê por onde der, eu irei.

Nota: 9,5/10. (a nota só não é a máxima devido às péssimas condição do espaço e à organização primária do festival).

PS. Aqui fica um exemplo do que foi o concerto do SBSR. Ou aqui...ou aqui; só para quem quiser recordar...ou para quem se quiser arrepender. hehe