quarta-feira, agosto 08, 2007

O Jogo

Em 1995, David Fincher surpreendeu os mais ‘distraídos’ ao realizar ‘Seven’: um magnifico thriller repleto de suspense, e assente numa narrativa fantástica, num enredo muitíssimo bem construído e nos brilhantes desempenhos dos actores escolhidos para o filme: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth Paltrow e Kevin Spacey. Depois de tão brilhante trabalho, não se afigurava fácil a tarefa de pôr em prática um novo projecto, que viesse a ser recebido pelo menos com o mesmo entusiasmo pelas críticas. Pois bem, David Fincher voltou a surpreender quando em 1997, trouxe ao grande ecrã ‘O Jogo’.

Neste novo filme, o realizador voltou a abraçar o suspense e a criar uma teia de acontecimentos a um ritmo de tal ordem, ao qual nem os mais acérrimos do estilo conseguem ficar indiferentes. A trama gira toda em volta de Nicholas Van Orton (Michael Douglas): um empresário de sucesso que mora numa enorme mansão, nos arredores da grande cidade de S. Francisco. Nicholas é um homem fechado, frio, ríspido e bastante solitário…não mantém relações de amizade ou de proximidade com ninguém. No dia do seu aniversário, o irmão Conrad (Sean Penn) oferece-lhe um presente no mínimo…diferente: um cartão de uma empresa chamada ‘CRS’ (Consumer Recreation Services). Intrigado a olhar para o cartão, Nicholas ainda recebe do irmão a persuasiva frase: ‘Não posso dizer o que é, mas posso dizer que mudou a minha vida para melhor’. Apesar da sua distância e algum afastamento do seu próprio irmão, da sua falta de relacionamentos, e da ausência de todo e qualquer divertimento na sua vida, ele acaba por se decidir a visitar a tal empresa. Daqui para a frente tudo muda…

‘O Jogo’ é uma autêntica montanha-russa, em que tudo acontece na vida de Nicholas Van Orton. Sem perceber muito bem de onde, pessoas vão aparecendo e eventos vão-se sucedendo a uma velocidade incrível. Para quem como ele, tem tudo controlado em advogados, agendas e telemóveis, pior era difícil. Aos poucos, a sua vida está completamente fora de controlo, e às páginas tantas ele começa a perder o seu próprio controlo. Já não sabe no que e em quem acreditar: parece que todos se viraram contra ele, incluindo o próprio irmão e que o seu mundo organizado e repleto de poder está prestes a desabar de vez a qualquer segundo. Uma coisa ele sabe…está a viver ao vivo e in loco ‘O Jogo’. O que ele não sabe é o que é ‘O Jogo’ nem sequer quem faz parte dele, e se algum dia terá fim…e será que o seu próprio fim estará para chegar?

‘O Jogo’ é realmente um filme de eleição, e mesmo depois de já visto, fica sempre aquela sensação de se estar a ver algo ‘novo’ e surpreendente. O enredo é verdadeiramente uma criação de mestre, e prende a respiração e a atenção dos espectadores até ao último instante. A direcção artística (assim como a fotografia e banda sonora) é brilhante, os cenários são criados a preceito e a própria mansão de Nicholas é exemplo disso mesmo: isolada e afastada da grande cidade, a casa é um lugar sombrio e escuro, revelador da vida do personagem central do filme.

Para o espectador, o filme é surpreendente porque apesar de se saber que se trata de um jogo, não se sabe o que virá a seguir, e tudo é quase como que uma novidade…uma a seguir à outra. O filme vai-se construindo de uma forma atractiva, agarrando o espectador á história, o encadeamento das situações e das peripécias é feita de tal forma que se fica como o personagem: confundido, baralhado e á espera…essa é afinal a premissa base de um bom Trhiller: o suspense.

Michael Douglas tem um desempenho de ‘se lhe tirar o chapéu’, mas Sean Penn e Deborah Kara Unger (Christine) não lhe ficam atrás. Apenas ajudam á loucura que se vai aos poucos instalando na cabeça de Nicholas. Numa palavra: GENIAL.

Nota: 9/10

1 Comments:

At 2:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Revi este filme há dias no AXN e, mais uma vez, adorei! É, sem dúvida, um dos meus filmes favoritos. No fim, faço sempre a mesma pergunta: "como é que eles sabiam que era ali que ele ia saltar?" E se ele tivesse saltado de outro lado do telhado? Pormenores... Uma espécie de Big Brother no qual não sabemos que estamos a participar.
Beijinhos!

 

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