terça-feira, dezembro 18, 2007

Control


Antes de mais tenho de confessar que não conhecia muito da história pessoal de Ian Curtis e do início da carreira dos Joy Division. Que tinha falecido muito novo e em circunstâncias pintadas de uma tragédia profunda e que tinha deixado uma marca muito vincada no mundo da música, eu sabia. Mas ao contrário de outros mártires do rock (relembrando para o exemplo Jim Morrison e Kurt Cobain) o fim da sua vida não se revestiu de contornos ligados ao excessivo consumo de álcool e drogas. O que leva ao término da vida de Ian Curtis é algo bem mais complexo e mais distante do que esse cenário tantas vezes visto e revisto com grandes nomes da música. E depois de visto ‘Control’, consegui perceber esse mesmo cenário…

Anton Corbijn realiza um filme que é um autêntico documentário sobre a vida do vocalista de uma das bandas mais marcantes do início dos anos 80. Até aqui, Corbin tinha-se destacado sobretudo pela sua carreira como fotógrafo e sobretudo pelo trabalho realizado junto de bandas como Depeche Mode, Nirvana ou U2. Assumido como um fã acérrimo da música dos Joy Divison, não é então de estranhar que a sua estreia se tenha dado com um filme destes, baseado no livro escrito pela viúva de Ian Curtis (‘Touching form a Distance’). Não interessa muito estar a desfilar pormenores do filme nem da história de Ian Curtis. Ele morre com 20 e poucos anos mas no entanto deixou uma marca inabalável no mundo da música.

O que é de destacar no filme é a altíssima qualidade da realização…apesar de ser uma estreia no grande ecrã, Corbin tinha já uma experiência assinalável na realização…de videoclips. O que mais impressiona em ‘Control’ é o realismo das imagens e a angústia que transparece do desempenho de Sam Riley (Ian Curtis), Samantha Morton (Deborah Curtis) e Alexandra Maria Lara (Annik Honore). A complexidade de razões que o levam ao total desespero (e à morte) é realmente grande, mas esta parece transparecer totalmente quando passada para o ecrã graças ao trabalho de Corbijn e dos actores. O facto de ter sido filmado a preto e branco apenas vem dar maior realismo e sensação de veracidade a algumas cenas, quer fossem de concertos dos Joy Divison, da relação com a mulher ou com a amante ou até das impressionantes cenas em que se retratam os inúmeros ataques derivados da sua doença: Epilepsia.

Logicamente que a música dos Joy Division é também retratada ao longo do filme, mas a sua utilização em determinadas cenas chave é de realçar. O tema ‘She’s Lost Control’ é ouvido quando começam as discussões entre o casal, o clássico ‘Love Will Tear Us Appart’ quando Curtis vê o seu casamento a desmoronar-se, ‘Isolation’ quando perto do fim ele se vê sozinho e sem saber que caminho tomar e finalmente no final do filme a inclusão de ‘Atmosphere’ é simplesmente brilhante. Curtis liberta-se de todos os problemas que o atormentam e deprimem, mas desaparece: ao som deste tema, fica a imagem do fumo negro saído do crematório.

Não há muito mais a dizer. Apenas e só que é altamente recomendável, mesmo para os que não sejam especialmente fãs da banda e/ou da pessoa que aqui é retratada. Podia ser apenas um filme…é mais: é história. ‘Control’ é bom, muito bom e para filme de estreia de Anton Corbijn é de assinalar a letras douradas.

Em Exibição
Nota: 8,50/10

1 Comments:

At 4:56 da tarde, Blogger André Sousa said...

Tás a ver...como gostaste do Filme! Só te levo a ver coisas boas

 

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