Máximo 10 Unidades
Um actor com pouco trabalho (
Morgan Freeman) e com a carreira em declínio, é convidado para fazer um filme para uma pequena produtora independente. Para encarnar o personagem ele vai para o meio das bancadas e corredores de um supermercado, observar o trabalho do gerente e das caixas ao mesmo tempo que absorve comportamentos e hábitos dos clientes.
É lá que conhece
Scarlet (
Paz Vega), uma funcionária muito peculiar…intempestiva e ‘explosiva’ ela vive enfastiada com o trabalho e com a sua própria vida. Na altura do regresso ele vê-se sem modo de ir para casa, pelo que Scarlet lhe oferece boleia....mas ela faz uma ressalva: antes, precisa de tratar de uns assuntos.
Daqui para a frente a história passa-se para o lado dela, sempre com
Freeman ao seu lado. Os dois iniciam uma ‘viagem’ pela vida e hábitos, medos e receios da jovem…
Sem ser hilariante, torna-se divertido ver
Morgan Freeman fazer dele próprio, num contexto muito diferente daquilo a que estou mais habituado. É um filme descontraído e com graça, que mostra que entre cada um de nós e aquilo com que sonhamos e em que acreditamos, estão apenas e só alguns receios e tremores que se ultrapassam com um pouco de força de vontade…às vezes na vida temos de arriscar.
Realizado por
Brad Silberling (
‘Uma Série de Desgraças’ e
‘A Cidade dos Anjos’) mostra-nos um
Freeman em registo diferente: bem disposto, divertido e cativante. Mostra-nos igualmente o quão divertido seria, nem que fosse por um dia só, ter
Morgan Freeman como amigo.
Não será certamente um filme de referência, mas foi uma hora e pouco bem passada no cinema…deu para descontraír...
Estreia: 5ª feira 31/05/2007
Nota:6,5/10
Dave Mathews Band – Obrigado por nos terem feito esperar…
Há tantos anos á espera de um concerto de
Dave Mathews, a espectativa estava numa fasquia altíssima, e não seria fácil corresponder ao que o público português esperava desta noite. Apesar de tudo, o
Pavilhão Atlântico em Lisboa, não lotou (mas este perto) para receber a banda de
Dave Mathews; quem não foi fez mal…muito mal mesmo.
O concerto começou cedo é certo, (por volta das 21h00) mas a impaciência de quem se encontrava no pavilhão já era mais que muita…ninguém queria esperar mais, e com uma entrada discreta,
Dave Mathews assolou ao palco acompanhado de, como dizer…de um fabuloso conjunto de músicos. A abrir,
Boyd Tinsley deu o primeiro recital de violino com pedal de efeitos (na gíria chamado de Wah-Wah) …confesso que nunca tinha visto ninguém tocar violino com efeitos assim e fiquei vidrado.
‘Everyday’ foi o tema que abriu o espectáculo, e desde o primeiro instante todo o público presente se entregou de alma e coração a
Dave Mathews e seus companheiros.
Muito comunicativo ao longo de todo o concerto, ele começa por agradecer com o tradicional
‘obrigado’, para em seguida rematar com
‘Tenho pena que tenhamos demorado tanto tempo para vir cá’. Daqui para a frente a boa disposição tomou conta de toda a gente, e com os músicos incluídos neste grupo foi um desfolhar de um sem número de músicas que demonstraram o porquê de tanto sucesso desta banda e de tanta ansiedade em recebê-los no nosso país.
Tecnicamente, da parte da banda foi um concerto excepcional (perto da nota 10); em vez de tocarem as músicas como elas são nos discos, foi um constante reinventar de canções, fazendo passagens de umas para as outras, dando espaço a todos os músicos para se exibirem e exibirem as suas capacidades. Desde Carter Beauford, um baterista que não consegui perceber se era canhoto ou dextro, tal a forma como ele tocava (ora virado para um lado ora para outro….fabuloso!!!!), ao discreto mas mui competente e belíssimo executante baixista, passando pelo Duo de sopros que tinha a curiosa particularidade de um ser enorme e gordo e outro assim pequenino, terminando no teclista colocado mais atrás mas que nem por isso tocava menos bem que os companheiros de palco. A todos estes, temos de juntar o próprio…Dave Mathews: apesar de ser a ‘sua’ banda, não é razão para querer o palco, os holofotes e todo o protagonismo só para si; muito pelo contrário até…quantas não foram as vezes que se afastou para o lado, precisamente para dar o centro do palco e das atenções as outros. Esse foi (e será sempre) um dos segredos da espectacularidade dos seus concertos…é que ninguém aqui está acima de ninguém e todos contribuem da mesma forma para o resultado.
Ao fim de cerca de duas horas de concerto comecei a pensar para comigo…’Isto deve estar para acabar’. Mas a verdade é que a seguir a uma música, vinha outra grande música, e mais uma e mais uma e ainda mais outra. O Concerto parecia não ter fim, e apesar do cansaço que já devia pesar, no palco ninguém parava. Os solos de violino eram de deixar qualquer um de boca aberta, o baixo marcava o ritmo, a bateria não falhava um segundo que fosse, os sopros e as teclas acompanhavam como se todos fossem apenas um só; na frente Dave Mathews dava o mote, com a sua voz inconfundível, sem nunca parar com a peculiar dança de pés, com que nos foi brindando durante todo o concerto. Alternando momentos e sensações diferentes, o espectáculo correu toda a obra da banda e relembrou a subtileza (
‘Gravedigger’ foi sem dúvida um dos momentos do concerto, se é que é possível elevar ainda mais um só), a Paixão, a sensibilidade, o gozo e (em doses aparentemente controladas) um pouco da ‘loucura sã' que se viveu em cima daquele palco.
‘Dreaming’, ‘Sister’,
‘The Idea of You’,
‘Stay’ ou os encores
‘Don’t drink the Water’ e
‘Rapunzel’ foram apenas alguns pontos nesta viagem a que a
Dave Mathews nos levou ao longo de mais de três horas.
Jams atrás de
Jams, autênticas sessões de improviso que tiveram ainda a fantástica colaboração de
Tom Morello: o mítico, altamente talentoso e virtuoso guitarrista dos
Rage Against the Machine colocou-se ao lado dos outros músicos e também ele teve direito á sua parte neste espectáculo grandioso.
Dave Mathews disse que tinha pena de ter demorado tanto tempo a vir a Portugal...a mim cabe aqui a tarefa de agradecer não ter (muito pelo contrário até) defraudado nem um grama que fosse das expectativas colocadas para esta noite. Nós esperámos, e eles ofereceram-nos 3 horas fantásticas de um concerto que certamente ficará para a história de quem o viu, e de quem o tocou. Os músicos conquistaram o público, mas o público certamente que também conquistou a banda…é que não é fácil dar concertos tão longos, e nunca perder o pé, nem deixar que os níveis de adrenalina e entusiasmo baixem na plateia.
O remate final foi feito com um sentido ‘Vocês são inacreditáveis….não vamos demorar tanto tempo a voltar. Obrigado’. Eu devolvo e digo…’Não faltarei da próxima vez. Obrigado por esta noite’.
Nota: 9/10
Nr…a nota só não é ainda mais elevada devido às sempre péssimas qualidades sonoras do Pavilhão Atlântico. Ainda para mais, para quem está na bancada como nós estávamos, o som vem com ecos, ressaltos e mais ressaltos, chegando mesmo por vezes ser difícil perceber todas as palavras, e distinguir todos os instrumentos. Simplesmente lamentável…
Dias de Glória
Em plena
2ª Guerra Mundial, e quando os exércitos alemães prosseguiam com a sua marcha pela Europa dentro, França recorria ás colónias e sob o espírito e o símbolo da
Pátria-Mãe, fazia os nativos destes países (
Tunísia, Marrocos, Argélia entre outros) combaterem junto dos franceses, utilizando-os como autentica carne para canhão.
‘Dias de Glória’ trata de um tema muito pertinente na actualidade, e expõe uma história terrível, encoberta durante décadas a fio. Estes homens oriundos dos países colonizados por França, pouca ou nenhuma experiência de combate tinham e eram lançados como escudos humanos, contra as tropas alemãs sendo que depois os franceses recolhiam os louros.
Para além de terem de combater no terreno e enfrentar os Nazis, estes homens sofreram na pela com a intolerância e ao racismo por parte dos seus companheiros e instâncias militares superiores. A tudo isto 4 jovens sobreviveram, sempre com a esperança de conseguirem o seu ‘Dia de Glória’ e ganharem alguma dignidade. No combate lutam pela bandeira francesa, mas quando chega aos direitos a desigualdade é gritante, chegando ao ponto de os soldados oriundos das colónias não terem equipamento, verem ser-lhes negadas licenças e inclusivamente serem-lhes censuradas cartas que os próprios queriam enviar para os seus entes.
As 4 histórias unem-se num espectacular final em que irão defender um território que nem os próprios sabem se os irá receber e se lhes dará o mérito que eles merecem.
Esta obra é uma mega co-produção de vários países e de um orçamento bastante elevado. Em França, estreou automaticamente como um box-office e foi visto por mais de 3 milhões de espectadores. Realizado por Rachid Bouchareb, o filme teve (como referido) o condão de pôr a nu uma história escondida há várias décadas, e que levou a que o ex-Presidente da República Jacques Chirac e o Governo francês olhassem para esta questão com outros olhos, e mudassem a sua forma de lidar com a política social francesa e com os antigos combatentes oriundos das colónias. Apesar da vontade demonstrada, há que dizer que esta questão tem sido ‘esquecida’ pelos vários Governos franceses desde a independência das suas colónias, e ainda hoje ela não está nem bem esclarecida, e muito menos bem tratada.
Para além de um sucesso de bilheteira, ‘Dias de Glória’ foi um estrondoso sucesso um pouco por todos os países e festivais de cinema onde foi exibido. Nomeado para inúmeros prémios, arrecadou o prémio de melhor interpretação masculina pelo desempenho colectivo dos seus actores no Festival de Cannes e foi inclusivamente nomeado para o Óscar na categoria de melhor filme estrangeiro. Este, será certamente um dos filmes do ano: quer pela fantástica qualidade dos desempenhos dos seus actores, quer pelo tema, quer pela altíssima qualidade da sua realização e pela belíssima fotografia.
Estreia esta 5ª feira 24/05/2007
Nota: 8,5/10
24
Acabou-se o Futebol das 4ªs Feiras...vou voltar ao 24!
Crónica de Um Fim de Semana
Amanhã já é Segunda-Feira...
Abbey Road
Realmente estes senhores foram (e ainda são) uns verdadeiros génios e um grupo de músicos muito à frente do seu tempo. Este é certamente um dos melhores albuns de todos os tempos...fica aqui um pequeno exemplo.
'Oh!Darling' - The Beatles - (Lennon/McCartney)
Que Vicio...
Simplesmente genial, e um dos jogos mais viciantes de sempre...o meu máximo está em
30.413.
Paradise Lost - In Requiem
Escrevi sobre este álbum
aqui...
Paradise Lost - In Requiem
Nota - 7,5/10
Os Outros
De um filme aclamado com inúmeros prémios e nomeações para os
Globos de Ouro, mais não se poderia esperar senão um excelente filme. Confesso que sou adepto de filmes que envolvam o oculto e o sobrenatural dado que são por hábito trabalhos que empregam maior dramatismo e capacidade aos actores de exporem as suas qualidades enquanto tais. Depois de ver
‘Os Outros’ apenas dei razão às críticas e aos comentários elogiosos que o filme recebeu aquando do seu lançamento.
Numa mistura de thriller, suspense, drama e algum terror psicológico, os vários elementos do filme estão extremamente bem misturados, nos quais se incluem um cenário muito bem escolhido, e uma contextualização histórica colocada a preceito (
2ª Guerra). A realização a cargo de
Alejandro Amenábar é excelente, e confesso que apesar de não ser grande fã de
Nicole Kidman, a sua prestação neste filme, é muitíssimo boa.
Claire (
Nicole Kidman) é uma mulher que vive numa mansão com dois filhos:
Anne (
Alakina Mann) e
Nicholas (
James Bentley) sofrem de uma doença rara, que os proíbe de se exporem á luz natural, pelo que todas as cortinas da casa estão por hábito corridas. Este é apenas mais um elemento que emprega algum dramatismo à história e ao ‘cenário’: para esta família é quase como se fosse noite, todo o dia. O marido de
Claire partiu para a Guerra e nunca mais voltou…certezas da sua morte não as há, esperanças de que esteja vivo são muito ténues pelo que
Claire vive (a somar à doença das filhos) numa constante agonia e ansiedade, que a levam a um estado de quase paranóia.
A juntar a isto, a estranha regra de fechar todas as portas antes de abrir uma próxima e os estranhos e peculiares empregados da casa, dão o tal ‘ar’ oculto e sobrenatural á história. Este elemento mantém-se ao longo de todo o filme, e vai-se adensando com o decorrer da mesma, e com o aparecimento de
Victor (um jovem que ninguém vê) e da sua família. Eles são
'Os Outros'...
Portas que se abrem, portas que se fecham….fotografias de pessoas com os olhos fechados, num cenário fantasmagórico q.b, muito suspense, algum drama e muita ansiedade, e eis um filme altamente recomendável para os apreciadores da especialidade.
Nota: 8/10
1 Ano depois...
Há dias reparei que este Blog existe sensivelmente há um ano. Inicialmente começou por ser uma brincadeira, onde só postava ‘brincadeiras’ e coisas, na tentativa de ter alguma piada. Aos poucos as coisas foram mudando…
Em 12 meses muita coisa se passou…e aqui não houve excepção. Foi assim como os visitantes deste vosso Blog, que foram chegando e partindo em visitas mais ou menos fugazes, e que com maior ou menor regularidade foram regressando dia após dia.
Assim como aqui dentro, lá fora pessoas houve que chegaram e partiram. Umas decidiram ficar mais tempo, outras praticamente apareceram para dizer ‘Olá’ a correr e foram embora novamente. Muita coisa aconteceu…algumas alegrias, outras tantas tristezas, momentos de reflexão…de exaltação, de exultação, introspecção….sei lá.
Tanta coisa aconteceu, alguma reflectida aqui, outra nem tanto. Com o passar dos tempos também aqui este vosso humilde Blog se foi alterando de feições, hábitos e costumes. Muito cinema (vicio!!!), muita música (vicio!!!) algumas sensações, recordações, memórias e histórias várias…umas mais alegres e outras nem por isso. Posts não foram muitos....mas sempre foram 69.
Dia após dia…
um dia a seguir ao outro…
um dia de cada vez.
O Blog é assim…
a vida também.
PS. Inspirado por
aqui, decidi ver quanto vale o meu Blog, um ano depois do seu nascimento. Alguém quer comprar?