Segredo de Açúcar
Começo por dizer, que não sou de modo algum um conhecedor ou habitue de espectáculos de dança, mas mais uma vez, fui surpreendido de forma positiva e muito agradável, e como tal deixo aqui uma nota de apreciação e agrado.
‘Segredo de Açúcar’, segue uma ideia original de Sofia Belchior e António Machado e dá continuidade ao ciclo de espectáculos (Segredos) iniciado em Abril de 2005, e que terminará em Abril de 2008. Deste ciclo destacam-se os temas Café, Chocolate, Sal, Açúcar, Chá e Especiarias.
O espectáculo foi diferente do que eu esperava, dado que envolvia várias artes: a dança, a música e os segredos, e histórias de/do Açúcar, tudo numa abordagem muito interessante e várias vezes extremamente divertida. Mas da mesma forma que foi alegre e divertida, também houve fases em que foi mais intimista e séria, que envolviam e uniam os espectadores e os intérpretes numa atmosfera diferente. Todas estas ‘nuances’ foram tornando o espectáculo mais interessante a cada minuto, e ainda mais surpreendente.
Os intérpretes de seu nome Rita Lucas Coelho, Pedro Ramos, Isabel Souto, Sofia Inácio e Sophie Leso, (que participaram na coreografia que estava a cargo de Sofia Belchior e Maria Ramos), exploram várias dinâmicas e pontos de vista, criando um espectáculo…doce. Fazem de tudo um pouco e em vários locais da sala, tornando o espectáculo dinâmico, fazendo com que os espectadores olhem não só para o palco, como para vários pontos da sala, inclusivamente para bem próximo dos locais onde os próprios se sentaram, dado que os intérpretes de quando em vez interagiam.
E se não bastasse já o tema e o título, a Dançarte faz questão de convidar o público a apreciar e saborear o Açúcar no final da actuação, tornando a noite ainda mais adocicada. O ‘Segredo de Açúcar’ foi a 4ª parte deste ciclo. A não perder o próximo, porque pela amostra que tive com o Açúcar, o Chá e as Especiarias certamente que não ficarão atrás.
Nota: 8/10
Dançarte – Companhia residente no Teatro de S. João, Palmela.
Alice
“Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez…”
O filme ‘Alice’ foi dos filmes mais pesados que vi desde há bastante tempo. A primeira longa-metragem de um jovem realizador português (Marco Martins), conta desde logo com as participações a todos os títulos brilhantes de Nuno Lopes e de Beatriz Batarda. O filme baseia-se na situação terrível (que eu não consigo sequer imaginar) da perda de uma filha, e da luta diária pela sua procura. Todos os dias Mário (Nuno Lopes), o pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu…encontrou aí a forma de acreditar que a iria reencontrar.
A dor da perda, transformou-o numa pessoa muito diferente, fechado sobre sim mesmo, mas tendo que estar sempre ao lado de Luísa (Beatriz Batarda). Esta busca torna-se numa obsessão e é no meio de todos os rostos que deambulam pela cidade, numa multidão enorme e anónima, que ele procura algo, algum sinal da filha. Um filme muito bom, mas igualmente muito pesado e duro, que espelha a ausência e a dor. Apesar da sua dureza, aconselho vivamente.
Nota: 8/10.
Borat
Quem já conhecia o outro personagem encarnado por Sasha Cohen (Ali G.) podia esperar, irreverência, crítica e muito gozo neste filme, em que o actor Britânico agora interpreta Borat, um jornalista da Televisão do Cazaquistão, enviado para os Estados Unidos para fazer um documentário sobre os hábitos e a cultura americana.
Basicamente e em breve resumo, este filme é cerca de hora e meia de apanhados, em que o ‘comum’ dos cidadãos americanos se vê com um ‘jornalista do Cazaquistão’ nas (supostas) mais hilariantes situações. Desde interpelar pessoas na rua e querer cumprimentá-las na rua com 2 beijos (ao que as pessoas fogem, e algumas ameaçam o ‘jornalista’), a aprender a conduzir, a aprender como estar à mesa num jantar tradicional com famílias americanas, entre outras situações, Borat quer apreender a cultura americana, mas estando profundamente desajustado….faz tudo menos absorver os ensinamentos dos seus ‘professores’. Até aqui tudo bem, e eu confesso que depois de ler algumas criticas ao filme (de pessoas cujo trabalho aprecio fortemente), fiquei ‘interessado’ em assistir, ao que pensava ser uma paródia com ‘pés e cabeça’.
Sinceramente, eu sou forte adepto da comédia ‘non-sense’, ao estilo Monthy Python, Smith And Jones, Seinfeld entre outros; mas tudo o que é demais enjoa, e na minha opinião o ERRO do filme está mesmo aí: no exagero, do já por si exagerado. A parte ainda assim interessante, é o facto de a esmagadora maioria dos ‘actores’ do filme não o serem, e o que até torna as situações engraçadas e cómicas é a cara das pessoas perante os maiores disparates que Borat faz e diz ao longo de todo o filme, mostrando por vezes os seus preconceitos. Os momentos mais caricatos são aqueles em que revela como funciona a cabeça do norte-americano médio, como quando o cowboy se mostra homofóbico e anti-islâmico, ou o dono da loja de armas que nem sequer hesita na hora de responder à pergunta "qual a melhor arma para matar um judeu?".
Borat faz e diz o que lhe apetece, é profundamente inconveniente o que lhe valeu alguns ‘dissabores’, (chegou a ser agredido por um dos apanhados) e pode enfrentar uma série de processos judiciais por parte dos restantes ‘actores’ do filme. Só em atalho de foice…o filme nos EUA foi em menos de nada um êxito, mas na Roménia (onde o filme também é rodado), e no próprio Cazaquistão, as distribuidoras garantem o boicote ao filme…e os problemas para Cohen podem não ficar por aqui.
Na minha opinião o filme peca, por ser demasiado ‘non-sense’: torna-se cansativo e às tantas já não se consegue achar grande piada às parvoíces do jornalista do 'Cazaquistão'. Não digo que não vejam o filme, até porque na sala muitos dos presentes riram a bom rir e soltaram fortes gargalhadas. E eu ainda consegui sorrir, e até rir algumas vezes…mas não muitas.
Estreia no dia 30/11/2006
Nota: 5,5/10
No Céu
Uma Paisagem destas dá que pensar...
Manual de Amor
Nem todos os bons filmes têm de o ser, graças a mega produções de imagem e som, efeitos especiais, grande fotografia entre outros atributos. Por vezes, um bom filme, é-o apenas porque está bem construído, porque a história está bem montada e a ideia bem realizada. ‘Manual de Amor’, é um dos casos em que não utilizando efeitos especiais, nem sendo uma mega produção, consegue envolver o espectador numa história (que afinal de contas são 4), criando uma forte empatia com os personagens do filme, mantendo sempre o interesse na vida dos mesmos.
“Manualle d’Amore” foi um dos grandes êxitos de bilheteira do ano passado em Itália e Espanha, e o argumento de Giovanni Veronesi e Ugo Chiti, conta 4 histórias distintas…ou serão 4 fases de uma única relação? Dois jovens – Tommaso (Sílvio Muccino) e Giulia (Jasmine Trinca), que se apaixonam numa história marcada pela sedução e pela felicidade dos primeiros momentos (vários primeiros momentos); um casal – Barbara (Margherita Buy) e Marco (Sérgio Rubini), que passam pelo momento de impasse no casamento, marcado pelo tédio e algum aborrecimento que levam a algumas tentativas ‘alternativas’ de reconciliação; um outro casal destroçado pela traição do marido que deixa Ornella (Luciana Littizzetto) devastada e a faz voltar a sua revolta contra todos os homens…isto com a particularidade de ser agente de trânsito; por fim Goffredo (Carlo Verdone), um pediatra de meia-idade que se vê abandonado pela mulher, e fica magoado, confuso e só, superando o desgosto com o recurso a um livro de auto-ajuda intitulado, precisamente: ‘Manual de Amor’. Claramente, Verdone e Littizzetto destacam-se nas performances.
O filme não é propriamente uma obra marcada pelo símbolo da originalidade: utiliza inclusive alguns clichés comuns (passe a redundância). Mas é precisamente a despreocupação e a simplicidade dos processos e da abordagem ao tema, que tornam o filme tão cativante e divertido. Contrapondo a Paixão, a crise, a traição, o abandono ou a reconciliação, ‘
Manual de Amor’ consegue manter o espectador com um constante sorriso nos lábios, fazendo-o lembrar até de algumas fases e histórias da sua própria vida ou de alguém que conhece. Para além disso, as 4 histórias que compõem o filme, estão recheadas de sequências e momentos muito divertidas que não param uns após os outros.
Vale a pena ver, precisamente por ser simples e leve, o que o torna muito divertido e até cómico e bonito sem ser banal.
Gostei.
Nota: 7,5/10
Botões Padrões - Victor Mineiro
Haja justiça, e sempre que ela é necessária, faço questão de a trazer aqui. Os bons trabalhos devem igualmente ser elevados e este que aqui trago hoje é mais um desses exemplos, em que pela sua singularidade, mais uma vez me conseguiu surpreender. Até posso dizer que um 'não-amante' da arte, sairia de lá, nem que fosse com um pequeno sorriso no canto dos lábios.
Foi precisamente na 4ª feira (15/11/2006) que Victor Mineiro, inaugurou uma exposição com as suas últimas obras. Até aqui, seria tudo dentro dos chamados parâmetros normais, não fosse eu não saber de antemão que tipo de quadros pintava ele. Eis-me chegado ao 'Heróis' (Chiado, Lisboa) e fiquei, digamos que bastante surpreendido, quando olho para as obras expostas junto à entrada, e vi...Botões! Exactamente isso: os seus quadros eram feitos com botões. Todo o tipo de botões: maiores e mais pequenos, de formas mais rectilíneas, mais arredondadas, mais ou menos clássicos…havia de tudo. Não sei contabilizar, mas naturalmente que estavam lá algumas (largas) centenas de botões.
Logicamente que estes botões eram um dos materiais utilizados, que em conjunto com outros (acrílico, fotografia entre outras coisas), jogando com figuras humanas, utensílios e outras formas e ideias, deram origem a algumas obras de elevada qualidade, altamente originais e muito atractivas.
Vale a pena dar lá um salto rapidamente, para observar estas ideias postas em prática, pelo Victor a quem deixo os parabéns pelo seu belo trabalho.
Heróis, Calçada do Sacramento 14 (ao Chiado)
Portugal No Seu Melhor...
Procurem bem...
Citação
"Tenho a certeza de que hoje somos senhores do nosso destino, que a tarefa que temos perante nós não está acima das nossas forças; que as aplicações e dificuldades que ela acarreta não estão para lá da minha capacidade de resistência física. Enquanto tivermos fé na nossa própria causa e uma indomitável vontade de ganhar, a vitória não nos será negada."
Winston Churchill
Jamie Cullum - The Showman
Normalmente, costuma-se dizer que quando as expectativas são muito altas dificilmente serão superadas. Pois bem…ontem à noite foi a excepção à regra e tenho de confessar que saí completamente maravilhado do concerto de Jamie Cullum no Coliseu dos Recreios. Já tinha sido avisado que as suas actuações são sempre muito boas, fiz alguma investigação e ouvi o trabalho dele, e naturalmente que fiquei inclinado sobre a opinião que me havia sido dada. De qualquer maneira, não estava à espera de uma actuação assim tão boa…ou melhor: não estava à espera de conseguir ser surpreendido como fui (pela positiva claro).
O jovem Jamie Cullum surgiu no palco com uma roupa perfeitamente descontraída, apesar de um blazer e uma gravata, apenas para ‘o boneco’; mas rapidamente se foi livrando destes acessórios e ficou de calças de ganga, ténis e uma simples t-shirt. Destacar ainda o pormenor do cabelo profundamente e de propositadamente, despenteado a dar um pouco ar de ‘louco’ e a fazer prever no que se iria tornar a sua actuação no palco lisboeta.
Com um conjunto de músicos muitíssimo bons, dono de uma voz ‘estranha’ mas de altíssima qualidade, e dotado de um grande dom para tocar vários instrumentos (piano, guitarra entre outros), Cullum lançou (há que dizer) a verdadeira loucura no coliseu. Tenho de dizer, que foi a primeira vez que assisti a um espectáculo no Coliseu em que toda a gente inicialmente estava sentada (a plateia tinha as cadeiras montadas) …mas isso não durou muito. Face à energia que colocou na sua performance, o público das bancadas e dos camarotes (onde eu estava), depressa se deixou contagiar e começou a dar o ‘pé’, arrastando consigo todos os que se encontravam na plateia.
Não é habitual ver um músico versado no Jazz (com variações e entradas por outros estilos) ter a atitude que Cullum demonstrou em Lisboa. Não parou um segundo quieto: ao piano, ora tocava sentado, ora de pé, ora se sentava (literalmente) no teclado do Piano, chegando mesmo a utilizar a madeira e as suas mãos para tocar percussão (ponto alto da noite). A relação com o público foi outro ponto altíssimo do concerto: fosse em conversa com a audiência fosse em interacção com a mesma, Cullum nunca se inibiu e muito pelo contrário, nunca teve problemas em extravasar tudo o que lhe ia na alma.
Às páginas tantas, voltou (julgo que a todos) a surpreender: saltou para o meio da plateia, ofereceu uma flor a um Senhora da audiência, e acompanhado pelo seu contrabaixista, actuou no meio do público…para a Senhora. A destacar (e não podia deixar de o fazer), os largos minutos em que Cullum e os seus músicos, deram uma de Samba e ‘obrigaram’ toda a gente a tirar o pé do chão: não sei se alguém esperava tal coisa, mas julgo que ninguém ficou indiferente.
Em resumo: um enorme músico, uma gigantesca actuação e uma noite brilhante de um jovem já com obra feita, mas com muitos anos à sua frente: um verdadeiro SHOWMAN. Que continue assim, que como ele disse: “SEE YOU NEXT YEAR”.
Nota: 9/10
The Departed - Entre Inimigos
Para quem está farto de filmes de polícias e ladrões, bandidos e heróis, bons e maus…vá rapidamente ver este novo filme de Martin Scorsese. De um dos maiores realizadores da história do cinema, mais não se podia esperar do que um GRANDE filme: ‘A Cor do Dinheiro’, ‘ Tudo Bons Rapazes’, ‘Cabo do Medo’ ou ‘Gangs de Nova Iorque’, são com toda a certeza excelentes películas, mas este é na certa diferente, mais não seja porque no meio da história vão surgindo pequenos ‘gags’ que dão outro ‘ar’ ao filme.
Um Drama…Thriller…Crime…’The Departed – Entre Inimigos’, é um pouco disto e um pouco de muito mais coisas. Começa logo por ter um elenco (dizer de luxo seria pouco) simplesmente fantástico. Começando pelo veterano Jack Nicholson (Frank Costello) que mais uma vez tem uma performance ao seu nível (enorme!!!), passando pelos ‘jovens’ Matt Damon (Colin Sullivan), e Leonardo Di Caprio (Billy Costingan). Este é o trio central da história, mas há outros nomes incontornáveis Mark Wahlberg (Dignam), Martin Sheen (Queenan), ou ainda Alec Baldwin, Ray Winstone e Vera Farmiga. A tudo isto, acrescentamos uma banda sonora de eleição de onde destacamos os ‘monstros’ Rolling Stones e Pink Floyd (se bem que cantados pela voz de Van Morrisson), entre outras faixas de grande categoria.
A história passa-se em Boston e coloca frente a frente a Polícia e a Máfia da cidade brilhantemente representada por Jack Nicholson, com o seu carisma especial e único. Do lado dos ‘bons’ encontramos praticamente todos os outros (SERÁ???); praticamente porque com o desenrolar do filme, o suspense e o sobressalto constante despertam-nos uma curiosidade imensa sobre o que irá acontecer a cada personagem na cena seguinte. Na minha opinião reside aí um dos pontos chvae/forte do filme: a intensidade colocada em cada cena, que nos abre o apetite para a que vem logo em seguida, deixa qualquer um pregado ao ecrã. Além disso, os subtis Gags vão aparecendo de quando em vez, e vão aligeirando o ambiente, para logo em seguida acelararmos para mais uma série de peripécias a um ritmo impressionante.
Cada personagem tem a sua personalidade muito vincada, e os Gangsters e Polícias dividem-se entre a lealdade, a traição e a procura pessoal de cada um e entre a mentira e os ‘mind games’. Cada personagem está muitíssimo bem ‘vestido’: confesso que não era particular admirador de Di Caprio mas a sua actuação em “The Departed” apagou-me logo essa imagem: à beira do desespero e do colapso piscológico, o seu personagem (Costingan), é brilhante. Matt Damon não me surpreendeu porque já sabia do que ele era capaz, Jack Nicholson está igual a si próprio, e Mark Wahlberg está simplesmente ‘sui géneries’. De destacar ainda Ray Winstone (‘French’, o braço direito da Máfia local): muito bom.
Em resumo: a história está tão bem construída que às páginas tantas já não sabemos bem o que cada personagem representa, quando, como e para quem. Confuso? O objectivo de Scorsese é exactamente esse: provocar na mente de quem vê este grande filme, um sem número de questões, e levantar a discussão à saída da sala. Bem representativo disso mesmo, é o final do filme: nem sei bem descrever…se calhar fico-me por um GENIAL!!!
Estreia hoje: 5ª feira 09/11/2006. Imperdoável faltar a este filme.
Nota: 9,5/10
Lisboa - Parte 3
Gosto de Lisboa porque foi lá que eu nasci e foi lá que eu cresci. Foi no meio de todo aquele casario que eu aprendi coisas novas, vivi as grandes experiências da vida e foi lá que experimentei o que de novo havia para experimentar.
Gosto de Lisboa, porque foi lá que conheci as coisas boas, passei pelas coisas menos boas e ultrapassei as coisas más. Foi lá que vivi as alegrias e as tristezas, e foi lá que continuamente ganhei a vontade e a esperança no dia seguinte. Foi lá que andei, planei, voei, caí, levantei-me e tornei a andar. Foi lá que dei o primeiro passo, foi lá que dei o passo atrás e recuperei o andamento.
Gosto de Lisboa, porque foi lá que exclamei, questionei e encontrei as respostas que procurava. Foi lá que me entusiasmei, que me intimidei, voltei a entusiasmar, arrisquei e ganhei. Foi lá que consegui as conquistas que hoje possuo, e as percas que já se foram.
Gosto de Lisboa, pelas memórias e recordações que todos os dias trago no coração e na lembrança. Foi lá que escrevi, cantei, chorei e foi lá que ri. Foi lá que vi, abri os olhos, vivi e sorri. Foi lá que pensei, foi lá que agi, e é lá que quero ficar.
Gosto, porque é lá que está tudo o que tenho, foi lá que conquistei e perdi e é lá que volto à luta. É lá que estou e que quero estar e continuar. Gosto, porque é lá que estão as minhas crenças, é lá que está aquilo e aqueles em quem eu acredito. É lá que estou, e é lá que estás.
Perante tudo, e diante de ti, também eu abro os braços e grito a plenos pulmões:
EU ACREDITO!!!!!!!!!
Lisboa - Parte 2
Gosto de Lisboa pelo seu magnífico Rio e pela tranquilidade das suas águas, e pela calma das suas marés. Gosto da Lisboa do Rio pelos passeios que à sua beira proporciona, e pelos relvados onde simplesmente nos deitamos a olhá-la e a agraciá-la. Gosto da Lisboa do Rio vista da outra margem pelo casario colina acima, pelos monumentos dispostos ao longo da sua margem, e por todos os que cá estão. Gosto de Lisboa vista da outra margem porque está ali a menos de um passo e sei que posso sempre contar com ela.
Gosto de Lisboa com o seu cheiro acabada de acordar. Gosto do cheiro da manhã com as pessoas a circular pelas ruas da cidade. Gosto do cheiro da tarde e do cheiro da vida alegre e animada da sua noite e gosto de Lisboa e do seu cheiro ‘de flores e de mar’.
Gosto da Lisboa dos jardins e parques onde passeamos, pensamos, choramos ou damos pulos de alegria. Gosto de Lisboa pelos jardins onde as famílias se juntam, onde os casais namoram, onde as crianças brincam e onde os mais velhos convivem e relembram memórias passadas. Gosto da Lisboa dos Jardins pelas recordações que trazem, e pelas coisas boas que me trazem ao pensamento. Gosto da Lisboa dos Jardins pelas cores várias que nos saltam à vista, e pela vida que nelas existe e não se esgota.
Gosto de Lisboa no Verão, pelo calor que dela emana, e pelo sol que bate todo o dia. Gosto da Lisboa do Verão pelas noites agradáveis nela vividas, e pelos passeios dados. Gosto de Lisboa no calor do verão, porque dela saímos para a praia e pelo prazer e gosto que dá voltar ao final do dia. Gosto de Lisboa no verão pelas cores diversas das pessoas e das suas roupas frescas e alegres. Gosto de Lisboa no Outono, pelas folhas das árvores no chão que em paleta de cores feita à mão, dão outra alegria à estação do ano. Gosto da Lisboa do Outono pelo fresco da manhã, e pelo calor humano do dia.
Gosto da Lisboa do Inverno, com as suas chuvas e com o frio. Gosto de Lisboa no Inverno pela roupa quente que vestimos e que com ela no sentimos melhor. Gosto de Lisboa no Inverno pelos espaços quentes em que entramos para nos abrigarmos do frio que a cidade nos dá.
Gosto da Lisboa da Primavera, pelos raios de sol que trazem algum calor ao corpo e à alma. Gosto de Lisboa na Primavera pelos sorrisos que as pessoas trazem estampadas no rosto, e pela alegria própria da estação: das folhas que renascem nas árvores, dos pássaros que cantam alegremente, das crianças que brincam na rua e da cor e cheiro das flores frescas da estação.
Gosto de Lisboa à noite pela animação das suas ruas, pela alegria das pessoas e pela vida que dura até ‘amanhã’. Gosto da Lisboa que não adormece e não diz adeus, gosto da Lisboa que se despede com um afável ‘até já’.·
Simplesmente…Gosto de Lisboa.
Lisboa - Parte 1
Gosto de Lisboa, pelo seu amanhecer, pelos seus primeiros raios de Luz, pelos seus primeiros sinais de vida que nos dão as boas vindas a mais um dia. Gosto de Lisboa pelo cheiro fresco das suas manhãs, pelo olhar ensonado dos seus transeuntes que saindo para o trabalho ou chegando a casa de um programa nocturno vivem as primeiras horas do dia.
Gosto de Lisboa pelas suas casas e bairros de cores várias, que colinas abaixo e acima se espalham. Gosto de Lisboa pelos seus bairros típicos, pelas ruas e vielas castiças recheadas de estórias e de História. Gosto de Lisboa pelos seus prédios e avenidas imponentes e cheias de vida dia e noite. Gosto de Lisboa pela animação das zonas comerciais em contraste com a pacatez dos seus jardins, porque nela nunca estamos sós mesmo que estejamos sozinhos. Gosto de Lisboa, porque nela conseguimos a tranquilidade e a calma mesmo no meio da azáfama de uma grande metrópole.
Gosto de Lisboa, pelos seus recantos, pelos seus pátios e pelas ruelas antigas, onde todos se conhecem, e onde toda a gente sorri e diz ‘bom dia’ quando se cruza com outra pessoa, mesmo que não se conheçam. Gosto da Lisboa dos artistas, dos poetas que nela se inspiraram para os seus versos, dos escritores que nela viram as suas obras e a elas lhes deram vida. Gosto da Lisboa dos declamadores e contadores de histórias, dos actores que nela, dela e que por ela vivem. Gosto da Lisboa do fado ‘feita menina e moça’, que chora e ri à vontade e ao som de quem a canta. Gosto da Lisboa dos filmes e até da Lisboa das Novelas onde estórias se cruzam e estórias se contam. Gosto da Lisboa dos teatros e dos artistas de rua que nela sobrevivem.
Gosto de Lisboa pela animação da noite, dos bares discotecas e esplanadas cheias de gente no verão. Gosto de Lisboa pelas iluminações de Natal e pela alegria que elas trazem ao nosso olhar, e pelas lembranças que nos trazem à memória. Gosto da Lisboa dos festejos de Carnaval, da Lisboa das festas e da animação, e até dos festejos populares.
Gosto da Lisboa pelos encontros, de pessoas e culturas, pelos encontros em torno de um ideal e duma missão. Gosto da Lisboa dos concertos, e das grandes festas desportivas e da alegria que daí vem.
Gosto de Lisboa pelos seus cafés e pastelarias tradicionais com balcões arranjados com bolos e bolinhos. Gosto da Lisboa das novas esplanadas, decoradas a gosto, animadas com cores e música. Gosto da Lisboa dos restaurantes tradicionais onde se sente o cheiro da comida tradicional, mas também gosto de Lisboa pelos seus restaurantes modernos e gastronomias internacionais e mistura de culturas e gostos.
Gosto de Lisboa pelas pessoas que nela se passeiam, que nela vivem e trabalham. Gosto pelos que cá nasceram, pelos que para cá vieram morar e viver, pelos que entram e pelos que saem, pelos que cá estão e pelos que já se foram. Gosto de Lisboa pelos seus transeuntes que com ou sem destino nela circulam, e pelos turistas, viajantes e visitantes que a ela dão vida. Gosto de Lisboa com as suas famílias, pelos pais, mães, filhos e avós. Gosto de Lisboa pelos sorridentes e optimistas que vêem oportunidades e coisas boas em cada esquina e gosto de Lisboa pelos que pelo contrário, menos optimistas enfrentam o dia a dia com a vontade de ver Lisboa no amanhecer seguinte.
Gosto de Lisboa, pelos simpáticos que ajudam, pelos indiferentes que não dizem nada e pelos antipáticos que viram as costas e seguem a vida deles.
Gosto de Lisboa....
"Nunca caminharás sozinho"
Parece-me a mim, que há coisas no futebol que se passam fora do campo e que têm meritoriamente de ser referenciadas. Assim como condeno comportamentos violentos e anti 'fair-play', enalteço todo o tipo de atitudes que promovem a convivência salutar no desporto, e aquilo que vimos em Lisboa nos últimos dias, é disso exemplo.
Por ocasião do Benfica-Celtic para a Champions League, cerca de 10.000 Escoceses deslocaram-se a Lisboa, invadindo a cidade e pintando as ruas da nossa capital de alegria e boa disposição. Certamente muito bem bebidos, estes verdadeiros adeptos do futebol, conviveram em plena harmonia com toda a gente com quem se iam cruzando, inclusivamente nas imediações do Estádio da Luz, antes, durante e depois do jogo.
O resultado (irrelevante para este Post) até foi bastante negativo para o Celtic (perdeu por 3-0), mas isso não impediu os seus adeptos de cantarem, e puxarem pelos seus jogadores mesmo depois do final do encontro. Mas a atitude que mais me tocou no meio de tudo isto, foi a homenagem prestada ao malogrado Miki Feher, falecido em pleno relvado do Estádio D. Afonso Henriques em Guimarães a 25 de Janeiro de 2004. A violência das imagens na altura difundidas tocou a toda a gente, e os simpáticos escoceses fizeram questão de relembrar o antigo jogador do Benfica.
Para o efeito, uma grupo de adeptos lançou uma acção que visava recolher fundos para fabricar uma faixa alusiva á homenagem, que exibia a camisola com o número 29, o seu nome e a frase "Nunca Caminharás Sozinho" (o Hino do Celtic chama-se "You Will Never Walk Alone"). A referida faixa foi exibida diversas vezes durante o encontro, e no final, os autores desta inciativa, entregaram a faixa aos Capitães do Benfica.
Para mostrar ainda mais (se é que fosse preciso) o desportivismo e civismo destes adeptos, a quantia remanescente da colecta, foi entregue ao Clube da Luz com o intuito de ser encaminhada para uma instituição de caridade em Lisboa. 'Bonito ou simpático', parece-me pouco para descrever tamanha acção de bondade que na minha óptica ultrapassa o 'simples' fair-play. É uma atitude de verdadeiro civismo e uma lição para todos os que veem no futebol, uma forma de entrar e estar sempre em pequenas guerras.
Da minha parte, não podia deixar de dar uma palavra de agradecimento a todos os que por Lisboa estiveram nos últimos dias, e dizer que também eu aprendi um pouco com eles. Assim como dedicaram a Feher...também eu lhes digo:
"You Will Never Walk Alone"!!!!!